|+ guia da Rota Panorâmica, a caminho do Kruger Park|
Mesmo sendo outro país, com outras regras, dirigir na África do Sul não é nenhum bicho de sete cabeças com os cuidados que a gente conta aqui e agora.
O que saber antes de pegar a estrada na África do Sul
Direto ao ponto
Permissão Internacional para Dirigir (PID)
Esse é um tema um tanto polêmico. Com as justificativas mais diversas, há quem diga que fez e não precisou, que não fez e não precisou, que fez e precisou. Meu conselho? Não deixar de levar a PID, mesmo custando caro – não entendo essa de estados brasileiros com preços variados pelo mesmo documento traduzido, mas, enfim.
A questão é que a bendita evita o estresse no encontro com policiais rodoviários na África do Sul (que é bem comum!) e alivia qualquer mal entendido nas entrelinhas da Convenção de Viena e do Portal Consular. Como a discussão dá pano para manga, dá uma olhada na explicação toda aqui.
No caso de dar ouvido ao conselho de amigo, esteja atento que a PID só é valida na companhia da sua habilitação, por isso leve os dois documentos.
Para completar, ela está com a validade reduzida: até 3 anos ou até a validade da CNH, o que vier primeiro. Como a expedição dela não é demorada, não exagere na antecedência para tirá-la. Se tiver mais de 3 anos para a habilitação vencer, faça a PID com 2 meses de antecedência, que está de bom tamanho: garante um tempinho de atraso, se houver, e não perde tanto em termos de prazo final.
A mão inglesa
Sul-africanos dirigem na mão inglesa, ou seja, é tudo ao contrário daqui (menos os pedais – aleluia!). Para começo de conversa, o motorista fica à direita e o carro sempre transita na pista da esquerda. Depois de algumas horas, o cérebro da gente se acostuma com a direção – bom, a menos das rotatórias e balões de acesso, que tomam mais tempo.
Depois disso, a grande dificuldade mesmo vai ser não confundir a seta com o limpador de pára-brisas. Repara só: na estrada, os left drivers vão aparecer em algum momento com o limpador ligado sem o menor sinal de chuva.
Para melhorar a sua situação, não alugue os carros “só” pelo preço. Ao contrário, prefira os carros automáticos, especialmente se você nunca dirigiu em mão inglesa.
A maioria dos carros econômicos na África do Sul não tem câmbio automático e, muitas vezes, é normal que quem procura por economia acabe optando por eles. Mesmo sem a alteração da posição das marchas, a troca de lado do motorista e da mão que vai operar o câmbio já obriga a gente a se adaptar/preocupar com mais esse detalhe. Por isso, por mais que os automáticos sejam um pouco mais caros, valem o investimento de aliviarem a confusão na cabeça de quem dirige e permitir que se concentre no que interessa: o trânsito.
Aluguel do veículo
Alugar carro na África do Sul é relativamente barato. Reservando com antecedência, então, melhor. Ainda mais na alta temporada e final de ano, quando a procura é absurda.
Para o aluguel, você vai precisar:
- Ter, no mínimo, 18 anos;
- Ser habilitado há, pelo menos, 1 ano;
- Ter a carteira de motorista válida (com PID, de preferência – lê mais aí em cima) e cartão de crédito com limite que cubra o pagamento e o caução.
No fim das contas, o aluguel parece bem simples e é. No entanto, há alguns cuidados importantes para evitar perrengues:
Locadora
Vocês já sabem do “quase perrengue” que passei na África do Sul quando aluguei um carro, certo? Se não viu, olha aqui o vídeo:
Conversando com locais que trabalham em locadoras e amigos que já foram para lá, percebi que essa experiência é mais comum que você imagina. Por isso, antes de mais nada, recomendo fortemente que usem a plataforma da RentCars, já que tem um sistema de classificação das locadoras que ajuda muito na decisão (sim, se liguem nisso!). Sem contar que eles oferecem preços e condições diferenciadas, parcelamento em 12 vezes sem juros e sem pagar IOF e call center em português – tudo testado e aprovado do lado de cá.
Para completar, faça simulações para verificar sobre a taxa de “one-way”. Algumas locadoras não cobram a bendita, o que significa que você pode pegar o carro em uma cidade da África do Sul, deixar em outra e não pagar nada a mais por isso.
Seguro viagem
A pessoa aqui só se salvou porque tinha um seguro bacana para dar assistência – ter essa garantia é essencial em todo caso. Por isso, quando for fazer o seguro viagem, garanta que tenha cobertura para o aluguel e danos de veículos.
Quando você compra as passagens da viagem pelo cartão de crédito, algumas operadoras dão direito ao seguro viagem. Nesse caso, se certifique do procedimento a ser seguido e se há algo a mais a ser preenchido/informado para o caso a cobertura de veículos.
Se esse não for o seu caso, você pode fazer a cotação com várias seguradoras na Seguros Promo (nesse link tem desconto de 5%), que ainda permite o parcelamento. Mas sempre procure informar sobre a sua intenção de cobrir danos a carros alugados.
Durante o aluguel
Por conta dessas situações esquisitas, fotografe o veículo assim que o receber e quando entregar. Isso inclui tanques de combustível, detalhes mínimos nas portas, parabrisa e, especialmente, qualquer lugar que notar algo fora do padrão de fábrica. Lembre que você assina um documento pré-autorizando descontos posteriores no seu cartão e eles podem usar isso sem dó e sem aviso.
Ainda na entrega, exija um documento atestando o estado em que o veículo foi entregue e as condições de abastecimento. Caso haja alguma cobrança nesse sentido, você tem como comprovar na operadora do seu cartão o que fez ou deixou de fazer.
Se for atravessar para países que fazem fronteira com a África do Sul
Caso o seu roteiro de viagem inclua países vizinhos ou, como a Suazilândia e Lesoto, que ficam dentro do território da África do Sul, você vai precisar pedir uma autorização da locadora. Apesar de ser simples de conseguir, ela tem um custo adicional que não é dos mais baratos – fica para lá dos US$ 150. Além disso, normalmente, nessa situação não vai ter a possibilidade de fazer o aluguel one-way, ou seja, deixar o carro em um desses países. Caso a locadora permita que isso ocorra, costuma ser extremamente caro.
Vale, ainda, dizer que antes de fechar o roteiro, você deve confirmar que países não recebem autorização das locadoras. Há alguns, como a Angola ou Zambia, que podem cair nessa restrição.
GPS
Vale levar o smartphone com 4G habilitado e Waze? Vale, sim.
Mas, nas rotas mais longas e remotas, o sinal fica fraco ou inexistente. Assim, não abra mão de estar com um GPS já saindo da locadora. Se não tiver o seu, alugue um. O Garmim (Garmap) e o TomTom são ótimas opções e costumam ter os locais de interesse previamente cadastrados.
Estradas
As vias tem classificações fáceis de lembrar: as que começam com R são regionais e com N são nacionais.
Com relação à qualidade das estradas na África do Sul, essa varia bastante. Saindo de Joanesburgo em direção ao Kruger, nos arredores da Cidade do Cabo e de Durban, elas são incrivelmente boas, a nível de países de primeiro mundo. Já mais para dentro das cidades, especialmente nas regiões mais pobres, a coisa muda um pouco: espere buracos, remendos e por aí vai. A mais famosa como “a pior das estradas” é a R36, que vale evitar procurando alternativas no GPS.
E, não, você não vai precisar alugar um 4×4. A qualidade das estradas passa longe dessa necessidade!
Radares, sinalizações e velocidades
Falando de sinalizações, normalmente as placas nas estradas estão em inglês ou em formatos universais. As velocidades indicativas estão em km/h, como a gente já está acostumado.
Há tanto radares fixos – esses são sinalizados, normalmente – como móveis (e muito bem escondidos). Por isso, independente deles, esteja atento aos limites para evitar surpresas. Para ter ideia: nas zonas urbanas, o limite fica na faixa dos 60 km/h; nas rodovias secundárias, em 100 km/h; e nas auto-estradas, em 120 km/h.
Pedágios
Nas grandes rodovias da África do Sul – especialmente em Gauteng (onde fica Joanesburgo) e arredores – é normal passar por pedágios que variam de valores irrisórios, como 3 rands, a outros maiores, para lá dos 80 rands. À semelhança das nossas praças de pedágio, há guichês que permitem a cobrança manual e automática.
Normalmente, os carros alugados operam com um sistema de cobrança automática, com um aparelhinho que fica colado no vidro do carro e apita quando passa no pedágio – se certifique se esse vai ser o seu caso. No final, a locadora debita o valor total dos pedágios no cartão de crédito. Como tudo na locação exige cuidado, anote tudo para conferir depois se está certinho.
Abastecendo o carro
Para facilitar a vida, se certifique na locadora sobre o tipo de combustível que o veículo consome. Outra ideia, é verificar na própria tampa do tanque do carro.
Depois disso, é um processo bem parecido com o que a gente está acostumado: vá até o posto e peça ao frentista para colocar o combustível. Via de regra, o pagamento deve ser feito em dinheiro, embora haja locais que aceitem o travel money e cartão de crédito (pergunte antes!). O custo da gasolina na África do Sul está na faixa dos 12-14 rands/litro e é uma prática normal dar uma gorjetinha a quem te atendeu.
Os postos de combustível funcionam usualmente entre 7h e 19h, todos os dias da semana. Há alguns que são 24 horas, mas não é o mais comum.
E fique atento: na estrada, os postos não são tão frequentes. Então, não deixe para abastecer só quando estiver na reserva.
Estacionamento
Estacionar de graça nas principais cidades sul-africanas é quase um milagre. Há cidades, como Cape Town, que tem um sistema de parquímetro que permite o estacionamento por até 2 horas, onde um guardador faz a cobrança manual – que normalmente é a cada 15 minutos – mediante a sua previsão de tempo estacionado.
Conselho: dê preferência a garagens privativas e de confiança. Não costuma ser caro e evita aborrecimentos. Se não tiver opção, ande com uns poucos rands em fácil acesso para os “flanelinhas” que cismam em aparecer.
Animais na pista
Esse é mais um motivo para dirigir com cuidado: vez por outra, em qualquer parte do país, a gente pode se deparar com um animal desfilando na pista. E, na lei sul-africana, eles têm o mesmo direito de estar ali que os carros.
Lei seca: tolerância zero
Não precisava tocar nesse assunto, mas “se dirigir, não beba”. Na África do Sul, isso é assunto sério e leva gente a perder a carteira ou até ser preso.
Os motoristas sul-africanos
Sinceramente, os sul-africanos tem o mesmo estilo de direção dos brasileiros, se é que dá para colocar nesses termos. Há os mais estressados, os mais pacientes, os que respeitam as leis e os que passam longe dela. Não é algo para se generalizar. O melhor que se pode fazer é estar atento ao trânsito, respeitar os limites de velocidade e toda a sinalização.
No caso de colisões, mantenha a calma e jamais assuma a culpa por pressão (até porque há locadoras que incluem como cláusula que o cliente nunca deve assumir a culpa – leia o contrato!). Deixe seus contatos e os da locadora e diga que resolve depois com a perícia de um mecânico autorizado. Em hipótese alguma, dê dinheiro ao outro motorista na hora do acidente.
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Esse post faz parte da blogagem coletiva, cujo tema vencedor foi “RoadTrips”. Confira a lista de posts/blogs participantes:
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Day, o post ficou ótimo, como sempre. Já compartilhei também pra minha turma que vai comigo à África em janeiro…
Beijos
🙂 Aêêêêêê! Obrigada, Dri!!! <3
Oi, oi… estive na África do Sul ano passado, mas não tive coragem de alugar um carro… na primeira vez que entrei num taxi, fiquei tonta de ‘andar para o outro lado’… hahahahah
hahaha, que situação! 😛
Excelentes dicas! Muito completo e detalhado o post!
Realmente são vários detalhes a se observar para dirigir na mão inglesa. A África do Sul está na minha lista de preferências, e com certeza vou alugar um carro quando for.
Fico feliz que tenha curtido! 🙂
A África do Sul é um destino que está sendo muito procurado ultimamente, pelo baixo custo e pelas belezas daquele país. Com certeza seu post ajudará muitos que irão se aventurar pelas estradas de lá, inclusive eu, caso tenha oportunidade de visitar este país incrível. Bem completo e informativo seu post, um manual, na verdade. Beijos.
Realmente, está mesmo. 🙂 Obrigada, Gi!
Ficou bem completinho. Quando fui eu aluguei um carro só para dirigir dentro de Cape Town, meu marido não quis se aventurar pelas estradas da rota Jardim, acabamos comprando um passeio que acabou sendo privado e foi ótimo também!
Ah, tour privado é ótimo! Tem a vantagem de relaxar do volante (ainda mais se for para alguma das vinícolas do caminho, hehehe).
Adorei o post! Super completo com todas as dicas e informações importantes! A África do sul está na minha lista de desejos há tempos! 🙂
Aiiii! Que ótimo! Tomara que consiga tirar da lista logo. 🙂
Parabéns pelo post, super detalhado.
Dirigi bastante na África do Sul, especialmente em Western Cape e foi muito tranquilo, tirando os primeiros dias em que eu tentava passar a marcha na maçaneta da porta..rsrs
Sobre dirigir em áreas mais remotas, em especial rumo ao Kruger Park, vale ficar muito atento pois é pratica comum os turistas serem abordados pela policia com a finalidade de obter grana. Eles aplicam falsas multas com o objetivo de receber suborno. Apesar ter sido alertada em meu hotel, acabei sendo abordada por um policial e por desconhecimento dei dinheiro a ele para me liberar. No hotel seguinte me alertaram que isso ocorre com frequência e que tem turista que acaba pagando muito mais! Foi tenso!
Nossa! Que situação, hein, Carla? 😱 Tinha ouvido falar disso, mas não senti na pele. A gente tem que andar super atento!
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