Nomadismo Digital é um daqueles temas que está super em alta ultimamente. As cargas horárias excessivas, o desejo de ter maior liberdade ou simplesmente a chatisse do trabalho são alguns dos motivos que fazem a galera pensar em largar a vida no escritório.
|+ 8 verdades que nem todos contam sobre o Nomadismo Digital.|
Mas, como a gente conversou antes, a coisa não é tão simples como parece. Exige muita pesquisa, planejamento e uma boa dose de coragem. Para te ajudar a se conscientizar sobre os sacrifícios da vida nômade e não ficar só na experiência da pessoa aqui, conversei com a Mari Dutra, do Quase Nômade.
Um resumão da vida nômade da Mari
Um resumo da história dela para você se situar: no final de 2014, ela, que trabalhava com uma ótima equipe e tinha bastante flexibilidade no trabalho (com direito a fazer algumas atividades remotamente e facilidade de negociar férias), resolveu largar tudo. Juntou uma grana, pediu demissão e se lançou no projeto de vida que ela estava adiando desde 4 anos antes.
Para a sorte dela, poucos dias depois, apareceu uma proposta de trabalho que a possibilitava continuar como nômade digital. Mas, mesmo assim, nesse início, as finanças foram instáveis e o dinheiro guardado era a segurança no caso de qualquer eventualidade.
Numa dessas crises que batem no caminho, ela aceitou um emprego que não curtia, mas que era super bem pago. Mas, ela não aguentou 6 meses e voltou à vida nômade.
Agora, mais estável profissionalmente, ela tira “férias” de 2 ou 3 meses, sempre trabalhando durante as viagens.
Pouca coisa não foi, né não? E é justo sobre tudo isso que a gente conversa mais a fundo nesse papo aqui embaixo.
A experiência e todos os dilemas do Nomadismo Digital
Você comentou que, mesmo com a flexibilidade no trabalho, ainda preferiu optar pela vida nômade. Por que?
Mari: Eu sempre amei viajar e sentia que minha liberdade não era plena tendo horários rígidos de trabalho e precisando negociar férias sempre que fosse para outro lugar. Além disso, percebi que eu produzia mais e melhor no trabalho quando não tinha a obrigação de estar todos os dias no mesmo ambiente, o que me despertou para o nomadismo digital.
Demorou muito para se estabilizar financeiramente?
Mari: Para que eu conseguisse me estabilizar completamente acho que demorou cerca de um ano e meio, talvez dois. No começo era tudo uma montanha russa, mas com o tempo você aprende a se organizar financeiramente.
Você chegou a fazer algum planejamento ou pesquisa? Tem alguma dica para quem está querendo se lançar na vida nômade mas o financeiro é um fator complicado?
Mari: Eu sempre tive meus gastos muito bem controlados, principalmente quando o meu orçamento era mais limitado. Todo início do mês faço uma espécie de planejamento financeiro, listando os valores que já recebi (ou que tenho certeza que receberei), os trabalhos que eu provavelmente vá receber em breve e também os meus gastos mensais. Uma parte do que sobra nessa equação eu reservo para a poupança e a outra parte é investida nas próximas viagens.
No dia a dia, como faz para manter a rotina sem ter um chefe te cobrando diretamente?
Mari: Sempre fui muito apegada a prazos, até meio chata com isso mesmo. Então eu acabo me cobrando mais do que qualquer chefe faria, hehehe. Tenho uma listinha quase inacabável de coisas para fazer e vou priorizando tudo de acordo com os prazos de entrega. Dá certo!
Você chegou a enfrentar alguma crise como Nômade Digital? Se sim, qual?
Mari: Imagino que a maioria das pessoas que adere a esse estilo de vida enfrenta alguma crise… Porque, por melhor que seja passar o dia trabalhando em casa e ter liberdade de viajar a qualquer momento, algumas vezes parece que a troca de ideias faz falta. Já cheguei a pensar em voltar a trabalhar em escritórios por conta disso, mas percebi que, quando bate essa ausência, optar por trabalhar em um coworking é uma alternativa entre esses a rigidez do escritório fixo e o isolamento do home office.
Quando você tira essas “férias” mais longas, o que muda na sua rotina?
Mari: Em geral eu tento diminuir a minha quantidade de trabalho, para poder aproveitar mais os destinos. Também altero o horário que dedico para o trabalho de acordo com o fuso do lugar que estou visitando e as atividades que planejo fazer. E, claro, algumas vezes bate o desespero quando alugo um apartamento ou me hospedo em um hotel e a internet não funciona direito.
Que lugares você já visitou nessa vida de nômade digital?
Mari: Eu já viajava bastante antes, mas desde que virei nômade digital completamente passei 3 meses no México, viajei pela Europa durante dois meses no ano passado, fui algumas vezes ao Uruguai e acabo de voltar de uma viagem pelo Espírito Santo. A próxima viagem também já está programada para começar em dezembro: um roteiro de 3 meses pela Espanha, Marrocos e Portugal.
Você acha que qualquer carreira poderia se adaptar à vida nômade?
Mari: Vejo muita gente afirmar que sim, mas eu sinceramente não sei dizer. Acredito que muitas profissões exigem contato real. Não vejo como um profissional da área da saúde atuar à distância sem comprometer a qualidade do atendimento, por exemplo.
Deixa um recadinho para a galera que está pensando no assunto de se tornar nômade digital, vai?
Mari: Acredito que a melhor maneira para fazer essa transição seja sem pressa. É importante analisar bem a sua situação financeira antes de tomar qualquer decisão, juntar uma poupança que vá segurar as pontas por, pelo menos, 3 meses e tentar se organizar para isso. Eu comecei aliando o trabalho em uma empresa convencional com alguns trabalhos freelancer e, à medida que os clientes que me permitiam essa flexibilidade foram aumentando, fui deixando de lado o trabalho fixo para me dedicar exclusivamente a eles. Mesmo que demore um pouco para engrenar esse estilo de vida, o resultado é recompensador.
🙂 Mari, super obrigada pela sua entrevista e por ser tão sincera com relação à Vida Nômade!
Para vocês todos, conheçam mais do dia a dia e das dicas dela no Quase Nômade. 😉
Alguém com planos de se tornar Nômade Digital? Conta aí!
Oi Dayana, obrigada pelo espaço e por difundir essa “cultura nômade”. Espero que esse espaço possa inspirar mais pessoas a dar o passo que falta para aderir a esse estilo de vida. 🙂
<3 Obrigada a você, Mari, por compartilhar tanta experiência boa!!! :)
Muito útil… para quem alimenta o sonho saber como é na realidade. Muita gente dá opinião, mas sem ter passado pela experiência. Parabéns pela partilha.
Apesar de não trabalhar em escritòrio e poder ganhar bons trocados online, não sei se viraria nômade digital. Por duas vezes morei na Europa, mas nunca a trabalho ou com trabalho no meio do caminho. E’ muita responsabilidade e risco e com filho pequeno, nao teria coragem. Mas admiro que tenha!
Talvez seja a idade. Mas tudo o que eu quero é ser digital na minha casa. Porém, admiro demais que coloca assim os pés na estrada.
Adorei o post. Tem tudo a ver com o que estou vivendo neste momento. Também larguei a vida chata de escritório para virar nômade digital e acho que o segredo é planejamento, coragem e disciplina 😉
Muito legal! Ainda quero ter a chance de partir um dia! Espero conseguir! Falta coragem, falta projeto e falta tempo hehehe. Mas, um dia a gente se joga! …
eu sou freelancer e um pouco de nomade digital, to me mudando muito nos ultimos meses aheuahe mas ainda nao consegui me livrar totalmente de endereço fixo por causa do marido!
Acho que Nômade Digital tem mais a ver com a liberdade que propriamente de ficar se mudando direto, Angie. Então, acho que você é, sim. 😛
Mas te entendo total em ter que conciliar com o maridones! hahaha
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