E aí, que você está com as férias marcadas para passar o Natal e Reveillón na Ásia e se liga no detalhe: como a galera de lá comemora essas datas? Se é que… eles comemoram? Hoje a gente está contando com a ajuda de quem resolveu se aventurar nessa experiência de passar o final do ano do outro lado do mundo e conta dicas para não deixar passar as datas em branco. 😉

Experiências e dicas para o Natal e Reveillón na Ásia

Japão

Quem foi: a Patrícia, do Bagagem de Memórias.

Experiência do Natal: O Japão é um país budista e o natal uma data católica, por isso a comemoração é bem diferente da do Brasil. Apesar das decorações de árvores de Natal e Papai Noel serem presentes nas lojas, principalmente para os japoneses é um dia comum. Eu acordei cedo e fui trabalhar, como todos os outros dias. Não é feriado e não tem festa. Para não passar em branco, fizemos uma jantinha simples em casa mesmo com os amigos.

Experiência do Reveillón: No ano novo é diferente. Esse é um dos feriados mais importantes lá na Terra do Sol Nascente e cheio de comemorações. O oshogatsu (esse é o nome do feriado do ano novo) dura 3 dias e é cheio de tradições budistas. A noite da virada do ano é marcada por 108 badaladas de sino nos templos, sendo que a última é à meia-noite. Isso representa a purificação para começar o ano de alma limpa.

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Também faz parte dos rituais fazer osouji, uma faxina nas casas (isso tem o mesmo sentido: limpar, purificar) e visitar os templos nos primeiros dias do novo ano. Para turistas é uma data a ser avaliada para conhecê-los, porque são lotados de gente. Outra tradição é comer mochi, um bolinho doce feito de arroz.

Os japoneses gostam muito de música e de karaokê (isso não é muita novidade) e para fechar o ano eles aguardam ansiosamente pelo kohaku utagasen, um campeonato de karaokê que reúne grandes cantores de diversos estilos. Eles se dividem nos times vermelho (aka gumi, só as mulheres) e branco (shiro gumi, só os homens) e a batalha começa. Quem ganhou em 2003 foi o time branco.

As lojas vendem fukubukuro nos primeiros dias do ano. São sacolas por um preço fixo e o conteúdo é surpresa – de artigos valiosos a quinquilharias. Vale testar a sorte e participar da brincadeira.

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A queima de fogos que o mundo todo faz na virada de ano não é tradição no Japão. O país é muito conhecido pelo hanabi (fogos de artifício) – uma busca rápida na internet e você vai ver que eles são muito bons nisso, mas os festivais com esses espetáculos acontecem durante o verão (julho e agosto). A exceção é Tokyo que, por ser uma cidade muito internacionalizada, acabou aderindo à tradições do mundo e tem fogos e super baladas contagens regressivas.

Se preparou com antecedência? As minhas comemorações foram bem modestas. No natal, como trabalhei o dia todo e não é o costume fazer nada especial, fizemos um jantar em casa com alguns amigos. Coisa bem simples, mesmo porque a nossa estrutura era bem limitada.

No ano novo fomos jantar na casa dos amigos e ficamos assistindo kohaku utagasen para esperar a virada. Como todos eram brasileiros foi uma comemoração meio misturada. Teve brinde de ano novo com espumante e teve mochi. Nos outros dias do feriado aproveitamos para viajar e conhecer outros lugares.

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As diferenças culturais: Muitas! Acho que o fato de serem países de religiões diferentes já muda muita coisa. O choque cultural existe e nessas datas não é diferente. Como eu morava em uma cidade de interior, as diferenças para o natal e ano novo do Brasil foram maiores ainda.

No natal, a principal sem dúvidas é o fato deles não comemorarem a data. No ano novo as tradições são muito diferentes e muito influenciadas pelo budismo, seja nas comidas, seja nas atitudes. Enquanto no Brasil temos superstições para atrair dinheiro, sorte etc, lá acho que a visão é diferente e mais profunda. Tudo tem um significado e eles têm uma preparação mais espiritual. Eu acho isso muito bonito.

Uma história inusitada: Eu cheguei no Japão em meados de dezembro. Fui com amigos para trabalhar durante as férias da faculdade e o objetivo era conhecer o país e juntar uma graninha. Fomos com dinheiro contado para sobreviver o primeiro mês e depois teríamos nossos salários. Eu disse que nosso jantar de natal foi bem simples, né? Esse foi um dos motivos.

Lembra que eu disse que a estrutura era limitada? Nossa casa tinha 1 boca de fogão (não era um fogão inteiro, era só 1 boca mesmo, sem forno), 1 panela de arroz e 1 microondas. A gente tinha que se virar nos 30. O cardápio do jantar foi arroz e estrogonofe (comi muito disso no tempo que morei lá, porque era fácil, rápido e barato pra fazer). Nada de batata palha porque nem sei se isso existe no Japão, mas no meio do nada em que morávamos não iríamos encontrar, com certeza. Nada de carne também, porque qualquer carne bovina é super cara por lá (um franguinho dava pra encarar de vez em quando, mas a carne era um artigo de luxo de verdade). Nosso estrogonofe era de cenoura e batata.

A regra para os convidados era: venham, mas cada um traz seu prato e seu copo, porque esses utensílios eram contados em casa. Cada um tinha o seu (e era só 1 por pessoa). Ah, e nossa casa era super pequena e não tinha mesa, cadeira ou sofá, então nossa ceia natalina foi com todos sentados no chão mesmo e comendo com o prato no colo. Mas como era uma data especial, compramos umas bebidinhas e sorvete!

Foi o natal mais pobrinho que eu já tive, mas foi muito divertido. Eu estava muito feliz por estar no Japão, realizando um sonho de criança e tudo vira história para contar. Aliás, essa viagem está cheia de histórias engraçadas (que vão ficar para uma outra oportunidade). Viajando a gente aprende que dá pra viver bem e ser feliz sem alguns luxos que estamos acostumados (luxo = mesa, cadeira, forno, carne quase todo dia, frutas que não custam um rim e uma estação de trem a menos de 45 minutos a pé de casa).

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Repetiria a dose? Eu volto para o Japão com certeza! Passaria o ano novo por lá de novo, mas iria para conhecer mais de perto as tradições, entrar nos templos para ver essa parte cultural e religiosa, virar o ano com locais do jeito deles.

Dicas que você daria para outros viajantes que pretendem passar a data no destino: O roteiro e o planejamento merecem uma atenção especial nesta época. Como é um feriado nacional, bancos, lojas, museus e muitas atrações e restaurantes não abrem durante os 3 dias. Vale pesquisar antes.

Os templos estão todos abertos, mas estarão bem cheios. Para quem quer fugir da muvuca, melhor tirá-los do roteiro também.

Para quem busca algo com menos choque cultural, Tokyo é o destino. Os hotéis se preparam com reservas para eventos, os restaurantes fazem super jantares e tem balada para todos os gostos.

Tailândia: Koh Phagan

Quem foi: a Fernanda, do Monday Feelings.

Experiência do Natal: Passei o Natal e o Ano Novo em Koh Phangan, na Tailândia. Nas duas datas, eu e meu marido celebramos na Festa da Lua Cheia. A comemoração foi bem turisticona, até porque a Tailândia, por ser um país budista, não comemora o Natal, e o seu Ano Novo acontece somente no dia 13 de abril.

Nós chegamos em Ko Phangan meio que por acidente… pegamos uma carona em Bangkok e o motorista nos deixou na balsa que levava até a ilha. Chegamos lá no dia 23 de dezembro, sem saber que essa era a ilha onde acontecia a famosa Festa da Lua Cheia. Coincidentemente, no dia 25 de dezembro era Lua Cheia e teve uma festa muito legal na praia.

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Por mais distante de casa que a gente esteja, ninguém gosta de passar essa data totalmente em branco e por isso combinamos com alguns amigos recém-conhecidos do hostel onde estávamos de fazer uma “ceia” juntos. Éramos nós dois (brasileiros), quatro canadenses, um indiano e um italiano. Fomos a um bar, comemos comida tailandesa e brindamos com cerveja mesmo. Rs. Menos natalino impossível. De lá rumamos todos para a Festa da Lua Cheia, que estava lotada de turistas internacionais e tailandeses de outros cantos do país.

Apesar de não ser uma festa de Natal, as pessoas pareciam animadas com a data e sempre parávamos para abraçar e desejar “Feliz Natal” para os outros.

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Experiência do Reveillón: O Ano Novo também foi em Ko Phangan. Não era lua cheia, mas por ocasião da data, organizaram uma edição da Festa da Lua Cheia, que aliás é a que recebe mais pessoas. Vem gente do mundo inteiro para passar o ano novo na Full Moon Party e a praia estava muuuito cheia, suja, com pessoas extremamente bêbadas e não achei tão legal quanto a do Natal.

Se preparou com antecedência? Não nos organizamos e tivemos problemas para encontrar disponibilidade em hotel durante o  Ano Novo. Deixamos para procurar dois dias antes e foi quase impossível. Como expliquei, a Festa da Lua Cheia do Ano Novo na Tailândia, é uma das mais famosas do mundo e os hotéis/hosteis estavam cheios e/ou muito caros. No final deu tudo certo e encontramos um bungalow, mas tivemos que procurar e pechinchar muuuuito.Natal e Reveillón na Ásia-9-2

 

As diferenças culturais: Eles não comemorarem o Natal e o Ano Novo ser em outra época. 🙂

Repetiria a dose? Sempre. 🙂

Dicas que você daria para outros viajantes que pretendem passar a data no destino: Pra quem for passar o Ano Novo na Full Moon Party da Tailândia, é bom se organizar com relação a hotel com certa antecedência, pois é a época de maior fluxo de turistas e os preços aumentam consideravelmente.

Mais dicas no Monday Feelings: A Festa da Lua Cheia.

Tailândia: Bangkok e Koh Phi Phi

Quem foi: a Renata, do RêVivendo Viagens.

Experiência do Natal: A Tailândia é um país budista. Portanto, eles não comemoram o Natal.

Experiência do Reveillón: Já o Ano Novo é comemorado em outra data, em abril. Inclusive, de acordo com o calendário budista, esse ano (2017) seria 2560. No entanto, como a Tailândia é um país muito turístico, existem festas de Réveillon em várias cidades do país para atender aos anseios festivos dos turistas. Já o Natal é um dia normal, como outro qualquer.

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Se preparou com antecedência? Na véspera de Natal, jantei com meus amigos num restaurante mais bacaninha de Bangkok. Já o dia de Natal mesmo, não fizemos nada de especial. A virada do ano eu passei na praia, em Phi Phi. Rolou uma festa na areia mesmo, algo mais ou menos parecido com o que acontece aqui nas cidades praianas.

|+ visto, telefonia e todo o básico sobre a Tailândia|

As diferenças culturais: As diferenças culturais são enormes! A comida é muito diferente, os costumes, as roupas e principalmente a religião. A Tailândia é um país predominantemente budista, portanto, Natal e Réveillon não significa absolutamente nada pra eles. Foi uma experiência muito legal conhecer essa cultura tão diferente da nossa.

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Repetiria a dose? Com certeza. Tanto que esse ano passarei o Natal novamente em Bangkok, na Tailândia. Já o Ano Novo será em Hoi An, no Vietnã, outro país que não comemora a data.

|+ dica de hostel com cara de hotel em Bangkok|

Dicas que você daria para outros viajantes que pretendem passar a data no destino: Eu recomendo muito uma viagem nessa época para a Tailândia. Primeiro que essa é justamente a melhor época para visitar o país. Segundo porque os tailandeses são super receptivos, simpáticos e fazem tudo pra te agradar. Portanto, você provavelmente encontrará uma festa de réveillon animada, pelo menos nas cidades mais turísticas.

Você pensaria em passar Natal e Reveillón na Ásia?

Apaixonada pela vida, tenta viver a expressão "carpe diem". Acredita que cada viagem é um meio de aprender mais sobre a humanidade e o seu próprio eu, por isso ama pôr o pé na estrada. Gosta de contribuir para que outras pessoas tenham experiências cada vez melhores de viagem, por isso quando sabe que um amigo vai viajar, já vem com sua listinha de dicas. A melhor viagem? É sempre a do momento.