“A mudança começa com um sussurro.”

(Frase de capa do filme “Histórias Cruzadas”)

Quer um filme que confronte a hipocrisia da humanidade? Este é “O” filme. Não o tinha visto até, recentemente, revisando a minha lista de must see, pairar o olhar sobre ele e, finalmente, incluí-lo na cestinha de entrega da locadora.

A minha resistência inicial com esta história era a de que parecia mais um drama da indústria cinematográfica que terminaria mal e me faria ficar para baixo ao seu término. Mas não! Ele me fez chorar? Sim. Mas também teve lá suas pitadas de humor e confrontamento.

O fato é que o enredo deste filme está centrado nas histórias de vida de três mulheres rejeitadas pela sociedade vigente, cada uma a seu modo. Duas por serem negras e uma por fugir ao padrão do “boa dona de casa e parideira”. Três seres pensantes que resolveram confrontar a hipocrisia de uma sociedade onde brancos e negros eram encarados como “raças” distintas. O mais interessante é como elas fizeram isso: juntamente com várias outras empregadas, abarcadas pela ideia de serem livres da hipocrisia social nem que fosse apenas através de suas mentes, uniram suas histórias como uma enorme colcha de retalhos.

O que me impressionou nesse filme é que ele não apenas torna visível a tirania da época, mas confronta a falsa liberdade da sociedade de hoje. Quantas vezes não vemos pessoas tratando outras pessoas de forma diferente porque as julgam inferiores? Seja pelo racismo ainda presente, condição social, formação profissional, habilidades físicas ou mesmo por não apresentarem qualquer característica que nos seja útil. Quantas vezes não cumprimentamos a mulher do cafezinho ou o porteiro do nosso prédio e deixamos que passem despercebidos pela nossa vida porque aparentemente não nos são “úteis”? Quantas vezes tratamos melhor o nosso chefe direto porque pode nos dar uma promoção, ao passo que destratamos pessoas da nossa própria família porque não nos dão qualquer vantagem aparente? Sério, se olharmos mesmo para o nosso dia-a-dia, será que não encontraremos aquela pontinha de hipocrisia?

A história desse filme me fez pensar nisso tudo e mais um pouco. Me fez ver como a nossa mente pode ter liberdade e como pessoas, que na aparência possuem pouco, podem ser ricas em amor e amizade e tão capazes se doar. E isso, pessoas, ninguém paga. Ele também me fez ver como mentes pequenas podem ser tão dominadoras, justamente porque ninguém quer arriscar perder seu status por se opor a injustiças, por mais absurdas que sejam. Me fez ver como nós conseguimos ser covardes em oprimir o outro, algumas vezes para subir de vida ou, até mesmo, por um prazer injustificado.

Esse filme é de uma profundidade que vale a pena ser visto e revisto. Amei e mais que indico! Deixo aqui o trailler do filme, onde dá para comprovar um pouco do que afirmei aqui.

Apaixonada pela vida, tenta viver a expressão "carpe diem". Acredita que cada viagem é um meio de aprender mais sobre a humanidade e o seu próprio eu, por isso ama pôr o pé na estrada. Gosta de contribuir para que outras pessoas tenham experiências cada vez melhores de viagem, por isso quando sabe que um amigo vai viajar, já vem com sua listinha de dicas. A melhor viagem? É sempre a do momento.