…e me ocorreu que a ambição voraz dos seres humanos nunca é saciada quando os sonhos são realizados, porque há sempre a sensação de que tudo poderia ter sido feito melhor e ser feito outra vez.”

(A culpa é das estrelas – John Green)

Segundo dia do ano e lá estava eu encerrando a leitura do livro “A culpa é das estrelas”. Primeiro feito do ano, se é que posso dizer assim. Estou me sentindo quase como o Augustus Waters: “meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações”. A humanidade deste livro é simplesmente sensacional. Fiquei pensando em como o autor conseguiu transmitir essa essência através de palavras.

Logo fui tomada pelo pensamento de como somos finitos. E, ao mesmo tempo, infinitos… Pequenos infinitos, lado a lado. Uma pessoa, no meio de milhões, como um grão de areia dentre aqueles incontáveis à beira-mar, consegue mudar, transformar, influenciar a nossa vida. Cada um de nós tem essa pessoa em particular. Alguém que talvez não seja percebido por outros, mas que mexe com o nosso mundinho particular.

Somos galhos de uma árvore ao vento. Ora somos unidos, ora somos apartados pela mesma brisa. Somos peças de um enorme quebra-cabeças. Somos um sopro. Somos o mundo para alguns e não valemos nada para outros. Somos tudo. Somos nada.

 E, no final, acabei percebendo que frequentemente, antes de qualquer coisa, somos mais limitantes que limitados. Ou os outros nos impõem limitações (“você não pode” e “você não consegue”) ou nós mesmos o fazemos (“eu não posso” e “eu não consigo”). Tais limitações, muitas vezes, são irreais. E acabamos assumindo os “nãos” da vida como certos e parando neles. Não importa o que seja o seu obstáculo (no caso do Gus e da Hazel era a doença), ele não te limita até que você assim deseje. Obstáculos podem ser ultrapassados. Obstáculos não são limites. Já dizia Jean Cocteau, “não sabendo que era impossível, foi lá e fez”.

Justamente porque não ousamos e nos impomos limites, acabamos perdendo a oportunidade de viver intensamente. E somos pegos pensando “Ah, se eu tivesse a oportunidade de viver isso de novo, eu faria tudo diferente”. O desejo de agradar a todos ou ser perfeito, nos tira o sabor do cotidiano. Quando se aproveita cada momento, cada detalhe como deve ser, o arrependimento e  a frustração dão lugar ao bem-estar e à alegria da lembrança.

A intensidade das coisas não está no modo como os outros vêem a nossa vida, mas em como vivenciamos cada experiência. Esse é o nosso infinito. Podem até haver outros maiores, mas aquele que nos pertence é único e tão especial quanto o fizermos ser.

Para acompanhar a leitura


Fft é um acrônimo para “Food for Thought”, uma expressão em inglês que pode ser traduzida como “Alimento para o pensamento”.

Apaixonada pela vida, tenta viver a expressão "carpe diem". Acredita que cada viagem é um meio de aprender mais sobre a humanidade e o seu próprio eu, por isso ama pôr o pé na estrada. Gosta de contribuir para que outras pessoas tenham experiências cada vez melhores de viagem, por isso quando sabe que um amigo vai viajar, já vem com sua listinha de dicas. A melhor viagem? É sempre a do momento.