Chalés armados como palafitas, tuiuiús voando na maior tranquilidade e jacarés tomando sol como se nada acontecesse. Muito prazer, Pantanal sul-matogrossense!

Embora boa parte dos hotéis fazenda da região ofereçam toda uma infraestrutura para passeios, com direito a transporte terrestre e aquático próprio, guia, café, almoço e jantar, o melhor local para se ficar, sem dúvida, é no Pantanal Jungle Lodge, bem de frente para o rio Miranda. Bom, assim me garantiram todos os guias com quem conversei em Bonito.

É bem aqui que, na época de cheia do rio, você fica literalmente ilhado no Pantanal e tem a oportunidade de sentir o que ele representa, de verdade. Por isso, adotei esse como o ponto estratégico em que se baseia esse roteiro.

Falando em roteiro, obviamente que ele fica sujeito a alterações ao seu gosto e à experiência do seu guia. A ideia aqui é te mostrar mais ou menos o dia a dia pantaneiro que dá para experimentar por lá.

Dia 1: o primeiro contato com a vida pantaneira

Assim que você se acomodar, combine com seu guia a ordem de programação das atividades. Elas podem variar de acordo com fatores como a previsão do tempo ou, até mesmo, outros tripulantes dos passeios, a fim de otimizar os grupos. Mas não se preocupe, você não vai deixar de fazer nada do que foi combinado.

#dicadeviajante
Independente do passeio que vá fazer no Pantanal, tenha em mente: repelente e protetor solar são indispensáveis.

Pescaria Artesanal

Depois de se acomodar, almoçar e de uma parada estratégica na rede, você já sai calibrado para a primeira experiência pantaneira: a pescaria.

Ali, bem à beira do rio Miranda, pegue o seu anzol, posicione sua isca e… tenha paciência. Não desanime se não conseguir pegar tantos (ou nenhum!) peixinho. A coisa exige sorte, paciência e atenção, já que as piranhas são rápidas na ação. Por isso, sentiu o anzol repuxar um pouco, tire da água!

Pantanal - 1
A prima da piranha

Se você quer saber de mim: não tive sorte na empreitada. Consegui pescar uma prima da piranha tão pequenininha que o jeito foi ser lançada de volta ao rio… Já o meu amigo alemão, conseguiu uns dois para o seu jantar. Ah, não te contei? Conseguindo pescar, o bichinho vai estar temperadinho lá no seu prato mais tarde.

Passeio de Lancha e Focagem Noturna

Para o fim do dia, se prepare para o pôr do sol que vai entrar para o seu hall dos mais lindos da vida. O avermelhado do céu do Pantanal é incrivelmente perfeito!

Pantanal - 2
O pôr do sol mais incrível de bonito…

Mas isso vai ter um custo caso não vá preparado: com o cair da noite, os mosquitos fazem a festa especialmente no rio. Por isso, capriche nesse passeio. Vá com uma camiseta de manga longa e calças compridas de tecido grosso (jeans serve), além de se banhar no repelente (vou repetir isso até ficar no sangue!).

Durante os resquícios do fim do dia, você já vai ver alguns animais pelos cantos. Mas é à noite que a busca fica mais interessante. Com uma lanterna, o guia vai indicando pontos onde estão os jacarés, macacos e outros animais. Só que não vou esconder, o interesse geral é na onça pintada! Se esse é o seu caso, a boa é deixar para ir ao pantanal entre agosto e setembro, uma vez que na época das chuvas, elas acabam indo para locais de maiores altitudes (segundo o nosso guia).

Pantanal - 9
A focagem noturna

Além disso, o céu super estrelado, longe de toda aquela iluminação da cidade, acaba por se tornar o brinde do passeio.

No fim, você ainda volta a tempo do jantar e de um bom banho para dormir bem, pois o próximo passeio vai começar cedo.

Dia 2: Safari Terrestre

Caso este não seja seu dia de checkout do Pantanal (se for, pule até o “Último dia”), passar o dia inteiro num Safari pela Nhecolândia pode ser a boa da vez.

Desde a saída do Jungle Lodge, a Estrada Parque Pantanal Sul está repleta de pontes de madeira suspensas sobre pequenos pântanos onde os jacarés aparecem se exibindo para a luz do sol. É nessa hora que você lembra daquelas aulas de ciência e se liga que eles estão ali para se aquecer mesmo.

Pantanal - 11
Olha o jacarezinho!

Com sorte, ainda consegue ver alguma boiada pela estrada. Passando ali, bem pertinho de você. Daquelas experiências que só viu romantizada na tevê, sabe?

Pantanal - 4
Tá, eu admito: pensei no Rei do Gado.

Caminhada ecológica

A primeira parada acontece para uma caminhada ecológica, onde todos devem se equipar com perneira para se proteger de possíveis ataques de animais peçonhentos.

Não que haja muito com o que se preocupar: o guia vai na frente em todo o tempo, verificando as condições de segurança para o grupo. Além disso, ele (oi, Max! Obrigada!) tem um olhar clinicamente treinado para encontrar as araras azuis, veados mateiros, gaviões, jararacas e até aranhas caranguejeiras que estejam pelo caminho. Fique ligado nele para não perder nada!

Pantanal - 3
O Bambi apareceu na nossa caminhada!

Durante o percurso, é bom fazer silêncio e se mover com cuidado para não espantar os bichinhos da área.

Pantanal - 12
A ararinha azul que o Miguel conseguiu fotografar com a lente boazuda dele!

Na Nhecolândia

Depois disso e de uma parada estratégica num pequeno armazém-lanchonete no caminho, a gente volta para o caminho, rumo a Nhecolândia propriamente dita. Lá, além de mais da fauna e da flora típicas do Pantanal, você tem a oportunidade de tomar um banho em um lago da região. Na época das chuvas, ali entre novembro e março, o lago fica mais cheio, deixando a visita ainda mais interessante.

Pantanal - 14
Sim, a pessoa aqui se aventurou no laguinho!

Enquanto você se diverte explorando a região, o seu almoço é preparado. É simples, como não poderia deixar de ser, já que tudo é feito ali, com uma espécie de fogão portátil a gás e algumas poucas panelas. Mas, fique tranquilo que você vai ter direito até à sobremesa: uma porção de doce de leite (ou duas, ou três… enfim, é à vontade!).

Quando o cansaço começa a bater, é hora de pegar o caminho de volta, curtindo o fim do dia pelo mesmo caminho que te levou até lá.

Só que vou te falando: quem continua ligado, pode ter a felicidade de continuar se surpreendendo. Por exemplo, avistamos um lobinho bem na volta da Nhecolândia. Para fica melhor, só vendo a própria dona Onça…

#dicadeviajante
1. Vá com calçados fechados e leve uma calça comprida, caso já não esteja usando uma. E, se não ficou claro, esteja equipado com uma roupa de banho. 😉
2. Esteja com a câmera a postos, pois a qualquer momento do passeio, a caminhonete pode parar para a observação de qualquer animal que apareça no caminho. E natureza, tem daquelas coisas: não repete cena.

Pantanal - 15
Natureza em ação: daquelas coisas que só no nosso Pantanal tem.

Dia 3: Canoagem e Cavalgada

Esses passeios só vão estar inclusos para quem for passar 4 dias no Pantanal. Se essa não é a sua ideia, pode passar para o próximo tópico. 😉

Canoagem

A canoagem é daqueles momentos de diversão e, quanto mais gente, melhor. No barquinho mesmo, só dá para 2 pessoas, no máximo. A ideia aqui é que a gente consiga atravessar a correnteza sem cair, o que por si só já é um grande exercício.

Tudo acontece em meio ao Rio Miranda e é acompanhado pelo guia, que fica num barco de apoio. Você pode chamá-lo a qualquer momento que se sentir inseguro.

Depois do passeio, vá aproveitar seu almoço e ainda tire um cochilo no redário, porque à tarde tem mais.

#dicadeviajante
Não esqueça o protetor solar, pois você fica bem exposto ao sol durante essa atividade.

Pantanal - 17
Tentando me virar na canoa (sem trocadilhos!)

Cavalgada

A cavalgada acontece em uma fazenda a parte, a São João. O passeio faz você entrar totalmente no clima pantaneiro, com direito a gado pastando e à travessia de laguinhos inundados.

Você não tem a menor necessidade de preocupação: aqui é proibido galopar ou correr. E, vou te contar, parece até que os cavalos mesmos já sabem disso de tão lentinhos. Por isso, até quem nunca se aventurou na garupa de um cavalo, tem chance de se dar bem, sem precisar de ter medo.

#dicadeviajante
No trajeto até a Fazenda São João, vá com a câmera preparada para mais fotos. Safari parte 2!

Último dia (2, 3 ou 4): Safari fluvial e flutuação

Essas acabam sendo as últimas atividades no Pantanal Jungle Lodge. Aqui, o guia te leva para um passeio pelo rio, onde verá os animais com hábitos diurnos com mais facilidade. Esteja com a câmera pronta, porque não raramente vai observar tucanos em pleno vôo ou, até mesmo, araras azuis.

Além disso, durante o tour, vai ter a oportunidade de chegar ao encontro do Rio Miranda com o Rio Vermelho, onde é possível ver a diferença de cores entre um e outro. Mais um detalhe surpreendente da natureza no Pantanal…

Pantanal - 7
O encontro do Rio Vermelho e o Miranda – dá para ver nitidamente a diferença!

No fim, uma parada para o que chamam de flutuação, que nada mais é que um bom momento de recreação no Rio Vermelho. Não, você não tem aqui as águas cristalinas de Bonito. Mas estar em meio à natureza, se sentir livre é algo que não tem preço por aqui.

#dicadeviajante
Fique atento à orientação do guia e não dispense o colete salva vidas, pois a correnteza do rio não é fraquinha, não!

Pantanal - 16
Momento #queriaserdiva no Rio Vermelho

No retorno, você chegará a tempo do almoço e do checkout. Às 14h, tem um transporte disponível para te levar até o ônibus de volta a Campo Grande.

Como chegar

Para chegar ao Pantanal Jungle Lodge, tem 4 opções:

Avião

A companhia aérea Azul faz a rota entre Campinas e Corumbá, com valores que podem variar de R$ 700-1500. Atualmente, os vôos diretos são operados às segundas, quartas, sextas e sábados. Nos outros dias, há uma escala em Bonito.

Carro

A BR-262 conecta Campo Grande a Corumbá, num percurso de mais de 400 km. Para chegar ao Pantanal, saiba que deve encarar poeirices e, por isso, estar num 4×4 é uma opção interessante.

Além disso, vale lembrar sobre a atenção nas estradas, para não correr o risco de atropelar algum bichinho.

Van

Existem vans que partem diariamente de Bonito e Campo Grande, podendo ser contratadas junto a agências de turismo. Elas fazem o desembarque no “Buraco das Piranhas“, onde os passageiros podem ir a bordo do transfer gratuito disponibilizado pelo Pantanal Jungle Lodge que acontece entre 14h-15h (deixe combinado com eles previamente que eles te aguardam).

Ônibus

A Viação Andorinha faz o transporte entre Campo Grande e Corumbá (R$ 120-140). Nesse caso, você deve pedir ao motorista que permita a descida no “Buraco das Piranhas” para, do mesmo modo que quem vem de van, pegar o transfer do hotel.


Esta viagem contou com o apoio da Agência Sucuri. Todavia, as opiniões aqui expressas foram resguardadas a fim de transmitir informações verdadeiras aos nossos leitores amigos.

Apaixonada pela vida, tenta viver a expressão "carpe diem". Acredita que cada viagem é um meio de aprender mais sobre a humanidade e o seu próprio eu, por isso ama pôr o pé na estrada. Gosta de contribuir para que outras pessoas tenham experiências cada vez melhores de viagem, por isso quando sabe que um amigo vai viajar, já vem com sua listinha de dicas. A melhor viagem? É sempre a do momento.

12 COMENTÁRIOS

Comments are closed.