“O espírito se enriquece com aquilo que recebe. O coração, com aquilo que dá.” Victor Hugo

Bonsoir, mon chers! Comecei a saudação em francês, porque é a terra do amor, como muitos de nós conhecemos. Afinal, hoje é um dia de amor, Dia do Amigo. Não, hoje o assunto não é viagem, roteiro ou férias. Mas vida, amor e generosidade. Tudo a ver com o tema da amizade, não?

E, nada melhor que esse dia para postar uma entrevista que fiz com uma amiga: a Rute Cavalcanti ou, como costumo chamá-la nas nossas trocas de mensagens, Rutinha. Ela é voluntária de trabalho com crianças que estão passando (passando porque vão vencer!) por problemas de saúde. Para animar a galerinha, ela tem uma personagem, a Minnie Cascudinha.

Eu queria muito fazer esse tipo de trabalho, mas, no momento, não posso, pois passei por cirurgia e outras cositas mais. Então, achei meu jeito de contribuir através dessa entrevista que me emocionou muito. Também estou animada com a ideia das doações que vocês vão ler em mais detalhe agora mesmo!

Imagem do filme Patch Adams

LolePocket: Aonde você realiza trabalho voluntário?

Rutinha: Onde percebo a necessidade ou onde me convidam para atuar. Mas já aconteceu de realizar visitas a filhos de alguns amigos que estavam internados, e já chegar preparada. Posso estar só ou em grupo. Então, o que seria uma única visita por se tratar de um laço de amizade, acaba abrangendo outros leitos, pelo fato de alguém cruzar conosco nos corredores do hospital. Sejam familiares de outro paciente e até mesmo funcionários, na hora, nos requisitam ao verem nossa atuação. E pedem pra gente dar um passadinha nos outros leitos. Entendo que com o pouquinho que cada um possa oferecer, sempre acrescentaremos algo bom na vida daqueles que precisam de um olhar. Às vezes a alegria nesses ambientes está dando uma pausa, pelo sofrimento, o que a gente faz é reacendê-la com nosso carinho.

LolePocket: Que procedimento foi necessário para conseguir ter acesso aos pacientes?

Rutinha: Já passei por instituições diferentes, cada uma tem seu padrão, suas normas. Necessário é um contato e tentar entender como tudo funciona. Para que seja bom para todos envolvidos no processo. Desde o paciente, familia, profissionais, etc. E o voluntário quando entende todo esse universo, torna-se também responsável por esse momento.

LolePocket: Como você teve a idéia de criar a sua personagem?

Rutinha: Tenho um apelido desde pequena. Ratinha. Minha personagem de desenhos animados preferida sempre foi a Minnie. Aí conversando com um amigo, falei da minha alegria ao me caracterizar de Minnie no momento da missão. Na hora ele inventou esse nome Minnie Cascudinha, que poderia inclusive estreitar uma parceria com o também admirado Cascão. Mas, ainda não encontrei nessa estrada quem seria. Aguardando… (rs) Achei genial! E aproveitando a deixa, sempre tive uma preocupação, tentar explicar para os pacientes que a Minnie não é mais nenhuma garotinha, o tempo passou para ela também! Cascudinha no sentido de amadurecimento. Eles sempre me aceitaram com bom humor! Me fazendo entender que não tem idade para despertarmos para certas mudanças!

LolePocket: Como foi a reação das crianças a ela?

Rutinha: As crianças? (rs) Bem posso te dizer que nessa hora cronologicamente somos iguais….pura identificação! Até os pacientes adolescentes e adultos entravam na brincadeira. (rs)

LolePocket: E quanto as pais? Eles permitem que vocês tenham acesso às crianças com câncer?

Rutinha: Sim. O que determinará qual a distância que poderemos permanecer, na hora, é o estado do paciente naquele dia da visita. Alguns por estarem com a imunidade muito baixa, nesse momento, requer de cada um de nós, comprometimento maior Pois não podemos colocar em risco, quem quer que seja. Por isso da importância de um treinamento, como a maioria das instituições oferecem. Disponibilizam instrumentos como luvas, máscaras, jalecos, tudo descartável. Assim, como a forma de manusearmos cada recurso.

LolePocket: Que outras formas de contribuição as pessoas podem dar às crianças com câncer?

Rutinha: Algumas instituições aceitam doações como leite, fraldas descartáveis, alimentos não perecíveis, ajuda monetária, criam programas para receber voluntários que se dedicam através de algum dom que tenham e queiram preencher o tempo de quem está internado, disponibilizando espaços bem planejados, para que essa troca ocorra. Por exemplo: Aula de inglês, reforço escolar, artesanato, pintura, etc. Uma amiga minha ao tomar conhecimento dessa missão, quis contribuir da seguinte forma. Sendo podóloga, ela deu desconto de 5% para seus pacientes que levassem uma embalagem de leite em forma de doação. Achei super criativo e conseguiu arrecadar um grande número de latas. Lembro que dei várias viagens para entregá-las, fiquei super feliz. Ela também! Tenho um amigo tatuador profissional, que também ofereceria desconto para quem doasse sangue ou fizesse cadastro de medula óssea. Outras amigas também tiveram as seguintes iniciativas: no aniversário de uma delas, não se importou com presentes, mas sim com que cada convidado levasse uma lata de leite como forma de doação. Outra ideia apresentada foi de arrecadar nas escolas, com a autorização dos professores e dirigentes. Criatividade é o que não falta, quando entendemos o poder que há em doar. É uma rede que se cria. Idéias surgem. Mais pessoas chegam para somar. Eu tenho como padrão meu, não recolher recursos em forma de dinheiro, gosto de entregar doações já adquiridas. Acho mais confortável para quem doa, como para mim, crio nessa hora uma oportunidade pra quem está doando de perceber mesmo o gesto. Comprei algo para presentear. Acho importante essa percepção. Outra forma de ajudar é divulgando. Importantíssimo. Outra: Gosto de levar pessoas, acompanhá-las ao doar sangue ou coleta para cadastro de medula. É sempre festa! Quando dizem sim, vibro!

LolePocket: Como foi incluir o trabalho voluntário na sua rotina?

Rutinha: Penso que o tempo é algo que temos que administrar, priorizar, e nessa hora termos cuidado. O voluntariado é algo, que quanto mais você faz, mais dá vontade de fazer. Por isso todo equilíbrio, beneficiará a todos. Como normalmente, cada visita toma algumas horas somente, dá para conciliar.

LolePocket: Muitas pessoas costumam reclamar da falta de tempo para esse tipo de atividade tão importante? Há outras de contribuir? Quais?

Rutinha: Veja bem, quem for ter acesso a essa matéria, e quiser me usar de ponte, muito me alegrará! Já recolhi com amigos que acreditaram nesse meu desejo de por em prática esta ação, tudo é uma questão de querer, e claro, de acordo com a disponibilidade de cada um. Hoje com a tecnologia a favor, existem disponíveis vários sites também. Basta navegar e conhecer todos! E o bom, é saber da possibilidade de levar as doações e não só entregar, mas se relacionar, através de um olhar, um sorriso, um abraço. Dentro, obviamente do critério que cada instituição utiliza. Me referindo, além dos hospitais, abrigos, casas de apoio, lares que abrigam vidas carentes de uma rotina nova. Mesmo que dure minutos.

LolePocket: Quais as maiores dificuldades que você vê que os pacientes têm enfrentado?

Rutinha: Veja bem, no geral, me dói saber que a saúde público brinca, desrespeita, quando faltam recursos, por desvios de verbas ou incompetência mesmo. Estoques baixos ou zerados de medicamentos, alimentos, instrumentos, materiais, colocando em risco vidas já fragilizadas. Famílias, médicos, funcionários, todos envolvidos numa comum impotência diante de uma situação em que somente o amor pelo que fazem, não permite que desistam. A família se fragiliza, quando ao permanecer acompanhando um filho ou um idoso, aquele integrante da família deixa de gerar renda, numa realidade que o trabalho, estar empregado, não pode ser mantido, pois a dependência é total. Mesmo que haja um revezamento entre os pais, porque uma hora, necessário é um ausentar-se para se refazer, recriar forças, também se cuidar, pois dependendo do tempo de internação, a condição do acompanhante também se torna vulnerável. Qual o patrão concordaria em manter um empregado nessas condições? Então, nessa hora a renda familiar fica comprometida. E se a Instituição passa por dificuldades, quem arcará com o custo de tudo que é necessário para que um paciente tenha dignidade nessa hora?

LolePocket: Que mensagem você gostaria de deixar para as pessoas que lerão essa entrevista?

Rutinha: Dizer que somos influenciados por tanta coisa, não é mesmo? Que permitam também ser além de influenciados, contaminados! Seja um voluntário o vírus é do bem, é do amor! Gera alegria e paz! Promove fé que faz alavancar a esperança! Por dias melhores, enquanto vida houver, que façamos valer a pena! Pois quando escolhemos o doar, é apenas uma semente, que amanhã florescerá e se tornará fruto! Precisamos deixar exemplos enquanto aqui estivermos. Se hoje realizo, foi porque tive exemplos! Bons exemplos! Absorvi ensinamentos. E praticá-los permite uma troca que não se pode mensurar. Mas podemos vivenciar. E quando recebemos de volta um sorriso, ao quebrarmos uma rotina pesada, seja onde for, com quem for, nos beneficiamos do colher, porque escolhemos plantar! Agradeço a Deus por todas as oportunidades. Cada uma delas me faz crescer! E Deus, creia, Ele facilita, quando percebe nossas melhores escolhas!

Então, vamos escolher nosso modo de contribuir, pessoal. Doar de si é amor!

Para quem ficou interessado em fazer doações de material, o contato da Minnie Cascudinha é ruteratinhag @ hotmail . com. Também é possível entregar nas instituições Casa Ronald Mac Donald, Hemorio, Casa Lar Dona Eunice e Lar Maria de Lourdes.

Beijos carinhosos e… Feliz Dia do Amigo!


Fft é um acrônimo para “Food for Thought”, uma expressão em inglês que pode ser traduzida como “Alimento para o pensamento”.

Apaixonada pela vida, tenta viver a expressão "carpe diem". Acredita que cada viagem é um meio de aprender mais sobre a humanidade e o seu próprio eu, por isso ama pôr o pé na estrada. Gosta de contribuir para que outras pessoas tenham experiências cada vez melhores de viagem, por isso quando sabe que um amigo vai viajar, já vem com sua listinha de dicas. A melhor viagem? É sempre a do momento.

3 COMENTÁRIOS

  1. Dentre as formas de doar…amar vem em primeiro lugar…o que vem depois é consequência…deixo aqui minha gratidão…percepção dos Loles? eu respondo: nível máximo! … enxergar com o coração é a chance de viver enaltecendo o outro, é compartilhar o que se acredita nessa hora …benevolência que há…e das vivências…retirar ensinamentos..não reter..espalhar..minha admiração! bjks da Minnie Cascudinha..com todo o carinho!

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