Acho que eu sempre fui uma criança meio nerd. Tanto é verdade, que me lembro que com uns 11 anos meu pai presenteou a mim e meu irmão com uma enciclopédia da Barsa (sim, na época internet era luxo!). Enfim, acabou que a maior usuária da dita cuja era eu, que adorava passar meu tempo pesquisando sobre os fascínios da mitologia grega e romana… Por que eu estou contando essa historinha? Para vocês entenderem o meu sonho realizado ao pisar nas terrinhas gregas e…obviamente, na Acrópole!

Sobre a Acrópole

Esse é o lugar mais importante de toda a Grécia, então já dá para entender o motivo de estar no topo da lista do nosso roteirinho. Aliás, nos tempos em que estava ativa, a Acrópole tinha relevância tanto defensiva, como religiosa. Por conta disso, fica num ponto alto da cidade (156 metros acima do nível do mar!!!) e é lá que se acham os templos mais notáveis também.

O que impressiona na visita é que, por mais que a Acrópole tenha sofrido saques, vandalismos e até uma explosão, as ruínas ainda estão bem preservadas, fruto de um trabalho danado de restauração, eu sei. Mas chegando lá é o máximo sentir o ar de um dos lugares mais esplendorosos da Grécia antiga.

Ok, chega de conversinha. Vou falar para vocês sobre as coisas bacanas que vocês encontram por lá. E sentem que tem história, porque é meio complicado de falar desse lugar majestoso sem contar um pouco do que se passou por lá. Você que não contratou guia nem comprou um livrinho de história, pode aproveitar melhor a visita imprimindo esse post. 😉

Teatro de Dionísio

É o primeiro que encontramos assim que adentramos os portões que hoje delimitam o espaço da Acrópole. Na verdade, ele fica bem no sopé da bichinha, mas a visita já o inclui.

Teatro de Dionísio já mexendo com a minha imaginação!

Este lugar foi, simplesmente o maior teatro construído pelos gregos antigos e foi dedicado a Dionísio, deus do vinho e do teatro #duh. Capacidade? 17.000 espectadores. É coisa pra caramba, amiguinhos!

Tudo começou com a ideia de alguns gregos de sentarem por ali e adorar o bendito Dionísio. E por adorar, imaginem celebrações regadas a vinho com representações de mímicos e danças. Daí, a coisa evoluiu com o uso de plataformas de madeira para o povo sentar que, mais tarde, se tornaram degraus de cimento.

Obviamente, tinha uma segregação social. Normal, desde que a sociedade é sociedade, não é? Então, assim que a gente chega lá, já vê uma primeira fileira diferenciada, que tinha poltronas de mármore porque a ideia aqui era ser rico, não era ser confortável. Ainda nessa primeira fileira, tem lá um altar para vocês sabem quem.

Belo altar, não?

E foi nesse lugar que deram-se início às representações das clássicas tragédias gregas. Impossível não querer sentar em um desses lugares ou até mesmo ir para o centro do Teatro e fazer alguma encenação. Usem a imaginação!

Odeon de Herodes Aticus

Falando em artes, ainda na subida para a Acrópole, nos deparamos com o belíssimo e imponente Odeon que Herodes Atticus mandou construir em memória de sua falecida esposa. Romântico, não? <3

Nós na entrada do Odeon… seria um sonho assistir um espetáculo aqui!

Ele costumava ter um telhado de cedro, bem diferente para arquitetura da época. Hoje em dia, não existe mais, mas dá para ter uma ideia se visitar as maquetes em exibição bem na entrada do Novo Museu da Acrópole.

Antigamente, o lugar foi construído para a realização de audições musicais e ainda hoje tem sido usado para eventos artísticos e culturais importantes, como consertos, peças, musicais e até concursos de Miss Universo!

Vista superior do Odeon: fala sério, ainda é lindo!

Aliás, na visita ao local, a melhor vista que pudemos ter foi a superior, na subida para a Acrópole mesmo. Para entrar nele, só comprando ingresso para um evento que possa ocorrer lá. Se tiver essa oportunidade, aproveite para olhar mais de perto suas paredes revestidas de mármore, seus assentos de mármore branco e o chão em mosaico de seu átrio central! Depois me conta como foi, manda foto, por favor! Só vi de longe mesmo… 🙁

Propileos

Significa literalmente um “lugar localizado antes da entrada”. Fácil de achar, porque está relativamente bem preservado e assim que se sobe para a Acrópole, você sabe que chegou porque dá de cara com ele.

Propileo ao fundo: Acrópole, finalmente!

É um edifício que ainda é espantoso e imponente, com duas alas laterais e colunas dóricas (olha a figurinha explicativaaaaa) que marcaram as cinco portas de acesso à Acrópole. E você ali passando bem por uma delas…

Para saber a diferença das colunas… você vai ver muito por lá. 😉 (fonte: bemarranjado.blogspot.com) Colunas dóricas do Propileo

Parthenon

Passado o Propileos, a vontade foi de correr para ele. É aquele símbolo clássico que vem na sua cabeça quando qualquer pessoa te fala de Grécia. É como você imagina que o Olimpo seria, mesmo que ainda não seja esse.

Vai dizer que não é assim que você imaginou o Olimpo?!? (Só que com menos gente…)

Ele foi construído para ser o templo da deusa Athena Parthenos, por isso no nome Parthenon #duh2, e contava com uma escultura gigantesca da dita cuja. Bem lá no topo dele ainda dá para ver alguns pedaços, os que não foram saqueados, da procissão das Panateneas, uma das festas religiosas mais importantes de Atenas. Alguns outros pedaços, saqueados pelos ingleses em meados do século XIX, vocês encontram lá no British Museum, que não sei porque cargas d’água não devolveram para os donos por direito! Originalmente, eram mais de 300 figuras entre deuses, humanos e animais. Hoje em dia, para ter uma melhor noção da coisa, tem a reconstrução de algumas partes lá no terceiro andar do Novo Museu da Acrópole, que fica bem pertinho.

O templo é de Athena, mas Afrodite passou por aqui!

Mas aí, o que me deixou mais boba, a história do Parthenon não foi feliz  a vida toda. O coitado já foi igreja bizantina e mesquita também. Só que o pior mesmo foi ter sido usado como paiol de pólvora durante o período em que os turcos dominaram a área. E aqui que vem a história da explosão: os benditos explosivos sofreram detonação em 1687. E, como se a desgraça fosse pouca, o Pathernon ainda foi afetado por um dos maiores terremotos da história da Grécia, lá pelos idos de 1894.

A boa notícia é que o bichinho ainda sobrevive e está lá de pé para testificar tanta história bacana e esperar a nossa visitinha!

Erecteion

Olhando para o outro lado da “rua”, já do Pathernon, dá para ter uma vista do Erecteion e suas Cariátides, seis figuras femininas que sustentam uma das coberturas do templo. Aliás, não se empolguem tanto com essas Cariátides, porque as originais mesmo estão no Novo Museu da Acrópole.

As Cariátides do Erecteion

E, para você que pensava que o anterior era o lugar mais sagrado da Acrópole, se engana. Esse lugar mais sagrado é o Erecteion! Isso porque, reza a lenda, Poseidon e Athena disputaram para assumir a proteção da cidade. Então, resolveram chamar Cecrops (vishi! que nome é esse?!?), o rei do lugar, para escolher quem seria o melhor. Para isso, cada um dos deuses ofereceu um presente ao fulano: Poseidon, um cavalo; Athena, uma oliveira. Essa seria a primeira oliveira a florescer na cidade. O rei achou que o presente de Poseidon seria um símbolo de guerra, ao contrário do presente da deusa. Daí, nem precisa dizer quem ele escolheu, né?

A mítica oliveira que quase ninguém deu muita bola…

Lá tem até a tal da oliveira mítica, que obviamente virou motivo para foto!

Templo de Athena Nike

Sinceramente, quase perdi esse templo. Ele é bem pequeno, comparado com os demais e não é bem fácil de visualizar. Ele fica na ala sul do Propileos, então só dá para ver bem na entrada ou, no meu caso, na saída.

Templo de Athena Nike

Esse templo foi construído para comemorar a vitória grega sobre os persas na batalha de Salamina e antigamente contava com a imagem de Athena Nike, que é o símbolo da vitória de acordo com a mitologia grega. É uma figura alada que tem as asas cortadas para que seja impossível que a vitória deixe Atenas. Meio romântico-dramático-épico, não?

Dicas

– Se você é do tipo que adora ter um overview de toda a cidade onde visita, a Acrópole já tem uma posição estratégica. Aliás, a tradução do seu nome grego quer dizer “cidade alta”. Então, por mais que a história não faça seus olhos brilharem tanto, já tem outra razão para ir até lá.

Me deliciando com o ar de Atenas

– Se sua viagem é durante a primavera/verão (que super indico para curtir as praias também!), vá logo cedo, pois o sol da tarde é de castigar e há poucas sombras onde você possa descansar. Atenas é conhecida por ser ter clima quente e seco durante essas estações!

– Leve uma garrafinha de água na mochila! Não tem onde comprar depois que entra na Acrópole.

– Também não esqueça o protetor solar: você vai precisar.

– Reserve, pelo menos, metade de um dia para conhecer a Acrópole. Assim você pode andar por lá com calma e ainda parar para respirar e observar a cidade de cima.

– Se tiver chance e acontecer um evento lá no Odeon de Herodes Atticus, assista. Vi alguns eventos gravados na tv do Hotel onde ficamos e fiquei abobada de tão lindo que é com toda a produção que acontece lá. Quando pesquisei na internet, achei eventos com ingressos a partir de € 35. Pena que não dei sorte de acontecerem enquanto estava por lá.

– Junte a visita com a do Museu da Acrópole, assim você vai conseguir entender bem melhor a história e curtir mais o que conheceu. Depois, faça uma refeição no restaurante A vista é magnífica, não tem como se arrepender.

– Na rua Makrigianni você vai achar vários restaurantes indicados pelo Trip Advisor. E se nada te agradar, tem o tal restaurante Smile pelos arredores (achamos mais de uma vez lá), que oferece um gyros de porco ou frango bem baratinho.

Funcionamento

Abril a Outubro  Segundas – 11:00 às 20:00

Terças a Domingos – 08:00 às 20:00

Última entrada: 19:30

Novembro a Março Segundas – 11:00 às 15:00

Terças a Domingos – 08:00 às 15:00

Última entrada: 14:30

Os únicos dias do ano em que a Acrópole fecha mesmo são 01/01, 25/03, Sexta-feira santa ortodoxa (fechada até 12:00),  Domingo de Páscoa, 28/10 (que fecha às 15:00), 25/12 e 26/12.

Custo da Visita

O preço cheio do ticket é € 12 e tem meia, que vale para gregos e cidadãos da UE acima de 65 anos, além de estudantes de quaisquer nacionalidades que comprovem sua condição.

Tem gratuidades também! Entre outras particularidades, para acompanhantes de pessoas deficientes e jovens abaixo de 18 anos mediante comprovação.

O ingresso vale por 3 dias e vale também para praticamente todas as outras atrações arqueológicas de Atenas (Ágora Antiga e seu pequeno Museu, Ágora Romana, Biblioteca de Adriano, Kerameikos e seu Museu Arqueológico), exceto para o Novo Museu da Acrópole, que se paga a parte.

Para quem é mão de vaca de carteirinha, tem dias em que a entrada é gratuita! As datas são 06/03, 05/06, 18/04, 28/10, último final de semana de setembro, primeiro domingo de novembro a março.

Como chegar

Se você estiver hospedado em Plaka, que foi o nosso caso, dá para ir andando tranquilamente. Agora, se não, tem uma estação de metrô pertinho do Museu da Acrópole, estação Akropoli da linha 2, e dali basta subir a rua Makrigianni sentido ao cruzamento com a rua Dionysiou Areopagitou que vai dar na Acrópole.

Como se vestir

Vá com sapatos fechados, pois há muita poeira para sujar seus pés.

Também invista em um bom boné para te proteger do sol. Chapéus de abas largas acabam voando pois lá venta bem.

No mais, vá com roupas fresquinhas. Uma bermuda e camiseta de algodão caem muito bem!

Público-alvo

Acho que é um passeio mais para jovens e adultos. Fiquem de olho nas crianças, porque é um lugar cheio.

Para idosos ou pessoas com restrições de saúde quanto ao esforço físico e calor, melhor ir com calma, tempo e água.

Acessibilidade

No caminho principal, há algumas rampas por lá, mas não em todo o trajeto. Eu diria que a subida não é muito bem adaptada a cadeirantes e portadores de deficiências que limitem a locomoção.

Há um elevador disponível a 350 metros da atração, mas que para ser usado deve-se contatar os responsáveis pela atração por telefone no +30 210 3214172. Particularmente, não vi o elevador funcionando e nem sei se opera sem quaisquer problemas.

Mais informações

Neste site, o Ministério da Cultura e Esportes disponibiliza informações sobre os diversos sítios arqueológicos espalhados pela Grécia.

Apaixonada pela vida, tenta viver a expressão "carpe diem". Acredita que cada viagem é um meio de aprender mais sobre a humanidade e o seu próprio eu, por isso ama pôr o pé na estrada. Gosta de contribuir para que outras pessoas tenham experiências cada vez melhores de viagem, por isso quando sabe que um amigo vai viajar, já vem com sua listinha de dicas. A melhor viagem? É sempre a do momento.

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